O fazer-se dos humanos.
O ser humano não nasce pronto. Cabe a ele construir-se ao longo da vida. Ele é, antes de mais nada, uma forma de vida com milhares de possibilidades. Mas ele não é – até que concretize em ação.
Isso é o fazer-se. É o colocar em prática, dar forma e existência à uma potencialidade própria.
Ter possibilidades é algo confortante. Esperançoso. Mas pode ser um tanto ilusório. A incapacidade de fechar portas e tomar uma direção nos deixa meio paralisados, aprisionados, perdidos e com muito medo de fazer a escolha errada. Do que me servem possibilidades se não faço algo com isso? Do que me serve poder ser bailarina, cantora, advogada, pescadora se não faço nada disso? O que me adianta poder ficar com o João, com o Carlos, com o Pedro e o Paulo se no fim das contas não estou verdadeiramente com ninguém? Compromissos pela metade nos realizam pela metade.
Como somos esse mar de potencialidades, acho que muitos rumos diferentes podem ser tomados, e isso ainda corresponderia a quem você é em sua essência. Sempre pensei que poderia ser várias coisas em minha vida. Mas certamente me comprometi mais com algumas do que com outras. E esse comprometimento em realizar é o que chamo aqui de fazer-se.
Que eu não passe um dia sem colaborar com a minha construção (ou demolição, para reformar). Que essa obra não pare nunca por falta de material, ou de mão de obra. E que com o meu ser eu possa contribuir para o coletivo. Senão qual seria o sentido disso tudo? Que o mundo me chame de idealista… mas tenho começado a enxergar um sentido nessa loucurada toda que somos nós.
“Decidir é sustentar o vir-a-ser deste poder-ser”
mais um texto maravilhoso, como sempre!
beijo carinhoso
Adorei.
Abraço
Estou comovida com suaspalavras, Ana! Parece uma luz indicando o caminho para mim seguir…