Decepções…
“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!” Rui Barbosa
Decepção é uma palavra forte, carregada de uma sensação negativa, e todos nós sabemos o que é sentir isso.
Mas devemos entender que cada sentimento tem sua razão de existir. Querer se esconder daqueles que gostamos menos acaba tendo um preço alto, e a imaturidade é talvez o maior deles.
Hoje vou falar um pouco da função da decepção. Ela pode aparecer de várias formas, e se relacionar a diferentes aspectos de nossas vidas, principalmente naqueles que envolvem relacionamentos com pessoas importantes – inclusive conosco.
Quando nos decepcionamos, fica implícito também que haviam expectativas que não foram alcançadas – e isso é fundamental para aprendermos a lida com esse sentimento. Se a decepção é consigo próprio, normalmente ela serve para repensarmos se não estávamos iludidos com um excesso de confiança. É uma boa maneira de reavaliar qual tamanho e força temos, e começar a correr atrás do prejuízo.
A decepção será um problema se ao invés de lutar pela resolução, o indivíduo se entregar a um fatalismo, a uma passividade e se resignar. Porque desta forma a reavaliação pode ter resultado novamente em uma medida ilusória sobre sua capacidade.
Muito comum também é a decepção com pessoas com quem nos relacionamos. Quanto maior a expectativa e o afeto envolvido, maior o choque quando esse outro se mostra de uma forma que não esperávamos. Nos relacionamentos amorosos isso sempre acontece, em maior ou menor grau, e serve para quebrarmos as projeções que fazemos (inconscientemente) em nossos parceiros. Expectativas ilusórias tão presente nas paixões vão sendo derrubadas. Essa decepção é uma ferramenta, que quando encarada com maturidade, nos leva a conhecer realmente quem está ao nosso lado. Dói, mas cura nossas vistas e cria consciência.
Até que o outro seja conhecido por aquilo que é e não por aquilo que atribuímos a ele, o amor não pode existir. A rigor, quando se ama alguém, ama-se suas qualidades e defeitos.
Aquela frase que diz que o amor é cego se refere exatamente a nossa dificuldade de enxergar limpidamente quem amamos. Mas em decepções amorosas nem tudo diz respeito a projeção. Outro componente que mais cedo ou mais tarde trará a decepção ao palco são os papéis que cada parceiro escolhe atuar no momento da sedução e da conquista. Aí ouvimos aquelas falas de “esse não é o homem que conheci!”. Talvez não seja mesmo, e nem nunca tenha sido. Será então que vale ficar insistindo na ilusão de que a pessoa é aquela primeira que você gostou durante os 3 primeiros meses, e não essa segunda que já está com você a meses?
São coisas a se pensar! Se formos capazes de suportar as decepções sem correr delas – seja se fixando em ilusões, seja não se envolvendo profundamente com ninguém – damos uma chance à paixão: ela pode se transformar no amor de duas criaturas. É assim… e só assim…
Amei o texto, serve para refletirmos muito sobre nós mesmos e o que depositamos no outro nos nossos momentos de “cegueira”.