A Sabedoria dos poetas
A dança da alma…!!!
Albertina Laufer – 24/09/2012
A voz da coragem
Pediu-me que eu falasse
Palavras as mais sentidas
Tão belas e cheias de vida
E então eu falei discorrendo
As palavras do meu sentimento
Veio o medo e pediu que eu calasse
Que em tom assim não mais falasse
E então friamente calada
As palavras me foram guardadas
Minha língua ficou toda presa
O coração se tornou sem beleza
E novamente a coragem em segredo
Pediu-me que eu falasse sem medo
E as mais belas palavras da vida
Invadiram-me ligeiro em corrida
Livres e soltas a bailar sem medida
A dança da alma que está preenchida
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Sábio não é aquele que tudo sabe, mas sim aquele que conhece a vida.
Não sei o caminho da Sabedoria é mais díficil para os ignorantes ou para os intelectuais. Os argumentos para a dificuldade do primeiro são óbvios pois não alcançará a Sabedoria aqueles que a desprezarem. Já os segundos podem se enganar porque desejam saber tudo e assim não abrem espaço à dúvida e ao incerto. Que não suportam os paradoxos e orientam-se apenas através das certezas e garantias.
O intelectual perde o ponto quando tenta explicar e argumentar a vida somente pela razão. Mas a Sabedoria fala por outros modos – como Etienne Perrot diz: é um banho de ingenuidade, leveza e poesia.
O próprio Descartes dizia que não deveríamos nos surpreender com o poeta, pois ele diz sentenças mais profundas e sensatas do que muitos escritos filosóficos. Poeta é aquele que escuta e realiza seu inconsciente – fonte de toda Sabedoria. Descartes atribuía a verdade encontrada pelos poetas ao entusiasmo (en-theos: Deus-em), à entrada do Deus no homem e à força da imaginação, que faz brotar as sementes de sabedoria que já se encontram no inconsciente de todas as pessoas.
Por isto é dito que esse caminho é acessível à todos: ricos e pobres, jovens e velhos, e assim por diante. Pois todo esse entendimento já existe em germe em cada um de nós. Mas essa jóia é encontrada por poucos, pois está perdida em um lugar pouco valorizado pela maioria de nós: nosso mundo interno, nosso inconsciente…
Essa desvalorização é antes de tudo social. Como é que vamos perceber que temos um mundo interno se ninguém fala disso? E então só acabamos por o descobrir quando ele sangra, quando ele grita através das dores da alma.
Ninguém também nos diz que esse sofrimento pode ser atravessado e transformado. Como o herói que atravessa o deserto e encontra o oásis. O sábio é este herói, este poeta, capaz de ver além, e através. De traduzir e comunicar, de religar esses dois mundos: o do inconsciente e o da consciência. Objetivo grandioso da psicoterapia profunda.